A capa e o preview dividiram opiniões e o single não foi muito bem aceito pelo público, mas e o conteúdo? Será que superou as expectativas? Está no ar a análise musical do álbum "Somos a Igreja" da cantora e pastora Elaine de Jesus.
O projeto gráfico foi desenvolvido pela gravadora MK Music, sob a direção artística de Marina de Oliveira, concepção de capa pela própria cantora e fotografia de Manoel Guimarães. A produção musical ficou sob a responsabilidade do maestro Ronny Barbosa, parceiro da cantora há mais de cinco anos.
A tiragem inicial trouxe 6 mil cópias, número baixo, mas seguindo a mesma linha do Escolhidos (Sony Music) que saiu com 5 mil na época. Essa possibilidade de encomendar tiragens em baixa quantidade é uma nova estratégia das gravadoras para não perder dinheiro, assim caso o disco não venda, não haverá tanto prejuízo, ainda mais com a nova era digital. Se o público realmente aprovar o disco, certamente a demanda aumentará e novas tiragens serão encomendas. Vamos as canções?
01. O Universo te adora (Elizeu Gomes): Firmando ainda mais a parceria entre Elaine de Jesus e Elizeu Gomes, "O universo te adora" foi a escolha certa para abrir o álbum. Numa mistura de poesias e metáforas, Elizeu traz uma canção que dá ênfase ao tema "a criação que adora ao Criador".A introdução foi feita com sons de planetas e estrelas captados pela NASA, o que deu um Upgrade admirável a produção, incorporada a aclamação dos nomes de Deus "Adonai, El-Shaday, Elohin e Elyon...". Um show de criatividade! Da mesma forma que essa canção abriu o disco com louvor, pode muito bem abrir o próximo DVD, fica a dica!
02. Guerreiros (Júnior Maciel e Josias Teixeira): Quem acompanha a cantora sabe muito bem que ela gosta de inovar e surpreender com novos estilos musicais dentro daquilo que está acostumada a cantar. No álbum "Celestial" teve sertanejo universitário (Ligado no céu), no Escolhidos teve rap (Hoje tem festa) e nesse disco novo não poderia ser diferente. "Guerreiros" chega com muito agito e muita personalidade, mesclando vários estilos dentro de uma só música. O início mais parece uma marchinha infantil com direito a trombeta e bateria, logo depois a segunda estrofe chega com uma melodia mais voltada para o estilo pop pentecostal e o refrão que é o clímax, traz uma pegada bem pra cima. É uma excelente canção e foi bem construída, uma das melhores do projeto. Destaque para a interpretação da cantora e a presença indispensável do backing vocal. É muito gostosa de ouvir!
03. Vou Subir (Gislaine e Mylena): Com uma introdução a base de teclado e bateria, o backing vocal brilha subindo a cada Ôôô. A letra que é belíssima, fala sobre o nosso culto a Deus mesmo antes de chegar na igreja que aliás somos nós. Nós somos a igreja! A expectativa do público é que essa canção seja o próximo single, já que na realidade deveria ser o primeiro, mas falaremos sobre isso mais adiante. A primeira e a segunda estrofe tem um ótimo casamento, somado ao refrão e a ponte com o hino "Vencendo vem Jesus". Tudo isso colaborou para que Vou subir seja considerada uma das melhores, senão a melhor música do álbum. Ela começa dizendo que nós somos o verdadeiro templo, depois afirma que as portas do inferno não prevalecerão contra nós e pra finalizar ainda diz que iremos morar no céu. Tudo perfeitamente coeso. É uma excelente composição!
04. Derramar de glória (Elizeu Gomes): Eis uma música de "fogo" daquelas! Começa lenta descrevendo a descida do Espírito Santo em Jerusalém e vai ganhando força aos poucos até que explode no refrão, que aliás está belíssimo e com boas frases que fogem do "glória, glória, vai descer glória" de sempre. A segunda estrofe lembra um pouco o hino Terremoto Santo: Os gentios assustados e também todos judeus... (Todo mundo assustado sem saber o que será), Pedro prega uma mensagem... (Paulo prega nos escombros), mas não é nada que incomode, pelo contrário. Não lembro de já ter ouvido outro forró escrito pelo pastor Elizeu Gomes, mas esse me conquistou, ficou muito bom. O grupos de senhoras vão adorar!
05. Somos a Igreja (Júnior Maciel e Josias Teixeira): Essa foi a canção escolhida como primeiro single do disco. A mensagem dela é de extrema importância nos dias atuais e a melodia é daquelas que os grupos adoram cantar, mas infelizmente houve uma reprovação do público no encaixe e na repetição de trechos como "Treme, Treme" e o Rap "O mesmo Senhor descerá do céu com alarido..."
No geral, não é uma faixa ruim, mas alguns termos usados realmente não soaram muito bem e isso acabou incomodando. Um dos pontos positivos da canção é o refrão "Vencendo vem, vencendo vem Jesus pra me buscar eu sou a igreja..." e a ponte "Ah, ah Jesus vem me buscar..." Esses pedaços grudam na mente!
06. Vai ser diferente (Júnior Maciel e Josias Teixeira): Essa música é uma daquelas dignas de abrir festividades e congressos (aliás, uma segunda dica para abertura do próximo DVD). Lindíssima e bem construída,"Vai ser diferente" nos leva com facilidade as canções dos anos 90. A introdução feita no teclado, logo é acompanhada por instrumentos de percussão e pelo backing vocal que também se destaca já na primeira estrofe. Na segunda é possível perceber uma pegada meio tango com muita bateria, deixando a canção ainda mais empolgante, um show! Os grupos de senhoras vão amar! Faz anos que a cantora não grava uma canção nesse nipe. É uma das melhores do disco.
07. A flecha (Eduardo Schenatto): Gravada anteriormente pelo próprio compositor, "A flecha" é a primeira regravação do disco. Elaine conseguiu sustentar muito bem no quesito voz e não deixou a desejar em nada em relação a versão anterior, a diferença é que dessa vez produção musical ficou mais pesada. No geral, a canção é muito boa e tem o estilo que os grupos de jovens e adolescentes adoram cantar.
08. Enquanto você louva (Gislayne e Milena): Ao som de violinos "Enquanto você louva" - regravação do Ministério Profético Soul - vai sendo encorpada e pouco a pouco vai ganhando forma. As primeiras frases arrepiam e tocam o coração, pois retratam uma situação de tristeza e impotência que todo cristão já deve ter passado ou passará na caminhada, sendo assim, a identificação é inevitável. Embora comece abordando momentos de sofrimento, a canção surpreende no refrão declarando que enquanto o crente clama na provação, o Senhor quebra cadeias, traz o bálsamo que sara e acalma o vento. É uma música pentecostal contagiante e poderosa que em alguns momentos chega a lembrar "Sua história vai mudar" do Pérola. Atualmente ela é uma das favoritas para assumir o posto de segundo single do projeto, inclusive há boatos de que já existe até um clipe gravado. Oremos!
09. Sinai de Deus (Elizeu Gomes): Olha ele de novo, o poeta da música pentecostal. "Sinai de Deus" fala sobre a liberdade de adoração e comunicação do homem com Deus e vice-versa através do véu rasgado pelo sangue derramado de Jesus. A canção se inicia com um mini-coro desnecessário, poderia começar logo na primeira estrofe, mas isso é apenas um detalhe diante da grandeza e estrutura da canção. O refrão super rápido e com bastante bateria lembra aquelas canções pentecostais de antigamente, é pra cantar e perder o fôlego mesmo (risos) Que saudades disso! Alguém se lembra da canção "Revolução de adoração" do disco Deus nos escolheu? Então... É quase a mesma essência.
10. Vem (Pastor Lucas): Gravada anteriormente pelo cantor Gean Erick, "Vem" é uma canção de adoração belíssima. Na verdade é uma oração; um clamor pela presença do Espírito Santo. Ideal para abertura de cultos. Bandas e Ministérios de louvor fiquem ligados!
11. O Segredo (Moisés Clayton): Figurinha tarimbada, Moisés Clayton não poderia faltar né? Do Sala do trono pra cá, pode-se dizer que ele é tão parceiro da cantora quanto o Elizeu Gomes. Centrada no tema fé, "O segredo" fala sobre a fé que faz a igreja alcançar aquilo que não se consegue ver. Indagações como "Qual é o segredo desse povo que desafiou o inferno e ainda está de pé?" nos levam a uma reflexão sobre o poder da fé como arma de batalha. A parte mais bonita da canção é a ponte, embora ela não apresente um casamento perfeito com as outras estrofes. No geral é uma boa canção e segue um estilo pentecostal bem tradicional. Outra indicação para os grupos!
12. Tremeu Tudo (Gislayne e Milena): Muito se ouviu falar sobre um Pérola 2.0, e eis aí o Terremoto Santo 2.0. Baseada no versículo 26 do capítulo 16 do livro de Atos, "Tremeu tudo" ganha força, empolga e chama a atenção no refrão, mas as primeiras estrofes não apresentaram uma boa construção. O grave do início acabou prejudicando e é um pouco difícil de entender o que está sendo cantando. O trecho do hino 196 da harpa cristã também não foi bem colocado, poderiam ter dado um intervalo maior entre a primeira estrofe, o hino da harpa e o refrão, pois acabou ficando um pouco confuso e rápido demais. Outro ponto a ser comentado é a ponte da canção que é praticamente idêntica a ponte da canção Terremoto Santo: "Tremeu tudo, o céu desceu, rasgou o véu, Deus está neste lugar..."/ "Treme terra, treme céu, canta igreja, rasga o véu...". Mesmo diante dos pontos negativos citados, a canção é muito boa para cantar.
Quando a cantora disse que todos iriam cantar as canções desse CD, ela realmente estava falando a verdade. Tem músicas pra todos os gostos! Embora o single não tenha sido bem aceito, o conteúdo geral do disco traz uma Elaine de Jesus mais próxima do Pérola e do Até o fim, como o público realmente queria.
Com canções de linguagem mais popular como "Enquanto você louva e "Vai ser diferente", mas sem deixar a desejar em canções poéticas como "O universo te adora" e "Sinai de Deus", o repertório ficou rico e diversificado. As canções de guerra como "Vou subir" não perderam espaço e até as músicas de adoração costumeiras (Vem com glória, Deixa o véu descer, Sacerdote fiel) foram representadas pela canção "Vem".
Se pegarmos as canções "Adoração à Trindade" - Transparência (2008) e Enquanto você louva - Somos a igreja (2016) e apresentarmos a irmãzinha de 70 anos da igreja, é fácil saber qual terá uma aceitação melhor, e é isso que se esperava! Um disco pentecostal com uma boa produção e boas letras a fim alcançar todas as faixas etárias dentro do mesmo estilo. Parabéns a Elaine e a todos os envolvidos, o disco está muito bom.