Olá leitores, a paz de Cristo a todos. Estava meio sumido aqui da Vitrine Gospel devido as inúmeras ocupações do dia-a-dia, mas enfim voltamos com muita coisa boa! Hoje gostaria de compartilhar com vocês uma Análise do álbum "Histórias e Bicicletas" da banda Oficina G3. É uma análise que foi bastante pedida entre os leitores aqui do blog e com muito prazer hoje a faremos.
Antes de comentarmos sobre o álbum, gostaria de refazer com vocês a trajetória da banda pelos últimos anos, buscando entender algumas influências e princípios da banda que ainda hoje guiam e regem a vida musical do Oficina G3.
A banda surgiu no fim dos anos 80 em São Paulo, num momento de novas descobertas no meio cristão, e uma delas era o surgimento de bandas de rock cristão. Inicialmente tudo foi bastante criticado por ser algo totalmente novo e irreverente aos costumes da igreja cristã no Brasil. Anos antes, a introdução da bateria aos hinos e sua presença nos templos já apresentavam uma mudança na forma de se fazer e ouvir música. O Brasil passava um momento de reforma política, social, econômica e principalmente cultural, onde bandas nacionais procuravam cada uma à sua maneira, recriar a música nacional e é em meio a toda essa reforma nacional que surgem as bandas de rock cristão.
Oficina G3 surgia então a partir de Juninho Afram, Walter Lopez e Wagner Garcia, nos fim dos anos 80, com um estilo voltado para o hard rock. O Oficina G3 lançou em toda sua história de carreira, 8 álbuns de estúdio, 3 ao vivo e 5 coletâneas ao todo. E seu último trabalho é o álbum, "Histórias e Bicicletas", da qual faremos a análise agora, tem uma forte influência do metal progressivo, um estilo que teve origem a partir do rock progressivo que surgiu nos anos 70 com bandas como Pink Floyd, Rush e Genesis, que depois da segunda metade dos anos 80 com a banda High Tide, vem desenvolver elementos que serão usualmente, as principais características do metal progressivo, que bandas como Dream Theater, Queensryche, Fates Warning e Watchtower farão uso para dar notoriedade e reconhecimento ao estilo.
A banda Oficina G3 vêm caminhando por diversos segmentos do rock, passando pelo Hard rock, metal rock, até desembarcar no metal progressivo, que é basicamente a principal influência do álbum "Histórias e Bicicletas".
Lançado 30 de Abril de 2013, foi gravado na RAK Studios, em Londres. O álbum contém 11 faixas, sendo duas delas regravações, "Aos Pés da Cruz" de Kléber Lucas e "Save Me from Myself" da banda Carpark North. Bem, vamos à análise portanto.
O álbum começa com um som de uma roda de bicicleta girando, com o som da campainha, fazendo uma ligação com o título do álbum e traz a faixa 1, "Diz" (Mauro Henrique, Duca Tambasco, Jean Carllos e Juninho Afram). Com uma estrutura de bateria, baixo, guitarra e teclado, a música inicia com um ritmo acompassado entre bateria e guitarra, e desenhos melódicos complexos da guitarra e teclado. A música traz uma mensagem que incita você a dizer o que sente, o que pensa e que se existe de bom em você, então fale. Palavras são lançadas e nunca mais voltam. A faixa tem efeitos sonoros interessantíssimos, buscando combina-los com a estrutura densa da instrumentação.
A faixa 2, "Água Viva" fala sobre o refrigério de termos Cristo como nossa fonte de água viva que mata a sede de qualquer sedento, e que nos faz descansar nos Seus braços. É uma composição de Mauro Henrique, Duca Tambasco, Jean Carllos, Juninho Afram e Alexandre Aposan. A música começa já com bateria, guitarra e baixo montando a base cheia e densa da música, com improviso de Juninho Afram na guitarra, e o vocal de Mauro já "explodindo" com a música. Sua atuação como vocalista será múltipla, assumindo desde uma postura interpretativa mais agressiva (devido ao gênero) até a suavidade que alguns outros momentos vão exigir. As escalas feitas por Jean no teclado dão uma originalidade na música, mostrando um pouco o que é o "complexo" no metal progressivo. E no fim da música, tem um momento de suavidade que o som de piano traz, conduzindo o ouvinte a refletir sobre a mensagem que foi cantada. "Toma o meu rosto, e me lembra como é bom Te amar".
"Encontro" (Mauro Henrique, Duca Tambasco, Jean Carllos e Juninho Afram) é a terceira faixa do álbum. Foi uma das mais bem recebidas pelo público "antigo" da banda. Tem uma pegada mais próxima ao que a banda vinha apresentando. Começa com vocais de Mauro na voz principal e Juninho Afram numa segunda voz, com uma guitarra mais simples do que das duas primeiras faixas. A harmonia acrescenta um ou dois acordes que dão um sabor mais diferente da harmonia básica do rock, o que é bastante comum nesse vertente do metal progressivo A canção tem a participação de Roberto Diamanso. A canção fala sobre a união de pessoas, a busca pelo amor fraternal diante do Pai, que nos ensina a não ser apenas o "eu" mas que o "nós" sempre prevaleça.
A faixa 4 é "Confiar" (Mauro Henrique, Duca Tambasco, Jean Carllos e Juninho Afram). A música começa com violão acústico e voz, cantando sobre a fé e a razão, que mesmo confuso e perdidos às vezes, a fé é nosso guia, Jesus é nosso guia e decidimos confiar nEle. Com a introdução da bateria e baixo, o violão é substituido pela guitarra, indicando uma mudança na textura da música. O violão aparece no meio da faixa, com um improviso de Juninho Afram. É uma bela canção, com uma letra interessante e bem a "cara" do Oficina G3 que conhecemos. E no fim, sentimos de leve a influência do metal progressivo, com desenhos melódicos do teclado e guitarra, finalizando a faixa.
Com uma introdução já chamativa, bem estruturada, com uma pegada bacana do metal progressivo, com ritmo sincopado, desenhos melódicos contrastantes entre guitarra/teclado/baixo, mostra um pouco da complexidade do gênero. A canção "Não ser" (Mauro Henrique, Duca Tambasco, Jean Carllos e Juninho Afram e Alexandre Aposan) que é a faixa 5, fala sobre o problema de deixarmos de ser quem somos para sermos quem não somos e nos incita a voltarmos a buscar a nossa essência, a essência de Deus. No meio da faixa, tem um "buraco" mais dramático, como uma respiração, voltando ao tema central da música. No fim, o vocal de Mauro traz uma pitada do "hard rock", enriquecendo a música com outras influências.
A faixa 6 é "Compartilhar" começa com uma marcação bem pesada de bateria, baixo e guitarra, com uma melodia do teclado de Jean Carllos. Nessa faixa, o teclado cumpre um papel de ornamentador (semelhante ao teclado de Jordan Rudess, da banda Dream Theater). Na verdade, grande parte desse álbum me lembra muito as composições do Dream Theater, o que é muito bom, porque são uma banda de muita qualidade musical e exemplo para outras bandas do gênero. A canção, como o título diz, ensina o valor de compartilhar hoje em dia, e que o amor é que deve nos mover. Aquele ama a Deus mas não ama seu irmão, não tem amor, certo ?!
"Descanso" (Mauro Henrique, Jaky Dantas) é a 7ª faixa do álbum. A canção fala sobre descansar no Senhor, jogarmos todos os fardos e pesares nEle, e confiar que tudo se acalmará, confiando no jugo suave. A música começa com voz e violão, e pouco a pouco, os instrumentos vão entrando, primeiro o teclado, depois uma segunda voz de Juninho Afram de leve no fundo, e o baixo de Duca Tambasco de leve improvisa uma melodia em cima, até tutti desaguar no refrão. É uma boa música e é outra que foi bem recebida pelo público em geral. A música tem uma estrutura A B A e uma ponte no fim, ou seja, uma estrutura básica de música, mas que com a combinação certa e a uma boa letra a fazem logo, uma boa música.
A 8°faixa é uma regravação do cantor Kleber Lucas, "Aos pés da cruz" (Kleber Lucas) foi uma das canções que fizeram de Kleber Lucas um nome reconhecido no meio evangélico e agora a ouvimos no cd do Oficina G3 com outra cara, mas que com a genialidade, criatividade e bom gosto da banda, manteve a sua essência. A canção começa com os efeitos de teclado de Jean, com a entrada em seguida da banda toda em uma introdução curta. A entrada do vocal é guiada pelo teclado, logo também com o baixo. A harmonia original da música foi modificada para se adequar ao estilo da banda, com a substituição do acorde de E/G# na sensível por um G, gerando uma 7ª, guiando a harmonia sempre pra sua tônica.
A canção traz uma mensagem edificante ao coração: " E mesmo quando eu chorar, as minhas lágrimas serão para regar a minha fé e consolar meu coração, pois o que chora aos pés da cruz clamando em nome de Jesus, alcançara de Ti, Senhor, misericórdia, graça e luz"
"Sou eu" (Mauro Henrique, Duca Tambasco, Jean Carllos e Juninho Afram, Alexandre Aposam) é 9ª faixa do álbum. Guitarra e percussão marcam a entrada,e logo todos os instrumentos. O teclado assume função de ornamentador aqui também, ora na ornamentação, ora junto com os outros. A guitarra, baixo e teclado logo fazem um uníssono, entre uma estrofe e outra, e o vocal de Mauro com alguns melismas que aqui são mais notados que em outras faixas. A banda ajuda no vocal, colocando uma 2ª e 3ª voz em alguns momentos da música. A música acaba repetindo 3 frases no fim, uma vez bem suave e na segunda, com a banda toda. A canção fala sobre a problemática de reconhecermos quem somos e como somos, e que não adianta fugir disso, o espelho nos mostra como realmente somos e que precisamos reconhecer que precisamos de Deus para aceitarmos quem de fato somos.
A faixa 10 é "Lágrimas" (Mauro Henrique, Duca Tambasco, Jean Carllos e Juninho Afram) ela começa bem mais comedida e estável, com a bateria de leve, teclado fazendo uma leve melodia acompanhada logo pela banda, respeitando ainda a cara da música que aos poucos vai tomando forma e cara de um hard rock. No meio da faixa, sofre uma mudança no tempo da mudança duas vezes, um andamento mais lento e depois um pouco mais rápido, e retorna ao tema inicial da música com esse andamento. E finaliza a música de forma mais melódica e acalanto. Uma canção simples, interessante, mas acaba sendo uma que preenche o álbum, sem muita relevância no trabalho como um todo.
E por fim, é a última faixa do disco, "Save me from Myself" (Dennis Jemigan) é a outra regravação feita pelo Oficina G3. A música é da banda Carpark North, e é uma linda canção e bem a cara do Oficina G3. Acredito ser uma boa escolha para o disco regravar uma canção como essa, redesenhando a canção à sua maneira, acrescentando o toque da banda no arranjo, sem perder a essência da música original. A canção tem uma pegada do rock cristão clássico, que vem perpetuando sua forma de criar música ao longo dos anos, e o Oficina G3 em muito contribuiu para essa tradição, representando o rock cristão no mundo, assim como outras bandas também. A canção traz uma linda mensagem, como forma de oração, pede a Deus que salve-nos de nós mesmos. Nosso caminho era tortuoso, era complicado e andávamos sós, até que um dia encontramos a luz, nos agarramos a Deus e encontramos conforto e paz.
Então, essa foi mais uma análise do Vitrine Gospel pra vocês leitores, espero que gostem, e comentem. Seus comentários ajudam a outros leitores, e muitos deles podem servir para melhoras nas próximas análises. Um abraço queridos, a paz !
Vitrine Gospel
Por: Max Michel Alves