Olá irmãos! Mais uma vez estamos aqui para analisar mais um lançamento de uma das cantoras mais conhecidas no meio evangélico: Lauriete. Capixaba, tem 44 anos de idade, possui mais de 25 cd's gravados e suas canções são conhecidas no gênero pentecostal. Hoje, faremos a análise de seu último trabalho "No Olho do Furacão". Temos recebido muitos pedidos por essa análise e esperamos que vocês apreciem. Nossa análise é baseada em aspectos musicais, espirituais e busca abranger todos os aspectos que perpassam a produção do trabalho.
Lauriete possui uma voz inigualável. Agrada a alguns, desagrada a outros, afinal, escolha por timbre acaba sendo uma questão de opinião mesmo, até porque seu timbre é marcante, seja qual for a opinião. Já escrevemos anteriormente uma matéria sobre classificação vocal, e encontraremos lá que Lauriete é o que se pode classificar como um tipo de soprano que possui a potência pela sua configuração fisiológico ímpar (aqui, lembramos que o Criador nos fez diferentes uns dos outros para que pudéssemos ser úteis no seu serviço da maneira como fomos chamados), ou seja, uma soprano que aguenta todos aqueles agudos sem se esforçar! E veremos alguns desses momentos neste álbum.
"No Olho do Furacão" é seu trigésimo álbum, foi lançado em dezembro de 2014, com a produção de Samuel Ribeiro, antigo guitarrista da banda Sinal de Alerta. Em entrevista ao jornal A Tribuna, ela afirmou que foi o marido, Magno Malta, que escolheu o título do trabalho. " É impactante, forte, tem uma mensagem espiritual atual. Lembrando que marinheiro bom a gente conhece com o mar bravo. Eu gostei do apoio do meu marido e senti mesmo que a música toca mesmo no coração e na consciência de muitos cristãos." Ainda prossegue :"É simples, mas direto, que mostra a coerência do título do CD".
A faixa 1 é "Igual Não Há" (Anderson Freire) já introduz o álbum lindamente. Lauriete traz uma música com o toque pentecostal, com introdução de trompas, back vocals e bateria em tom marcial; na entrada da voz, a melodia e letra ganham destaque e os instrumentos recuam para a sustentação da base harmônica. A faixa tem um arranjo simples, mas a composição ganha destaque exatamente pela simplicidade. O sucesso da faixa depende da dosagem de destaque que é dado aos elementos que a constituem e nessa faixa está adequadamente equilibrado. Dou destaque à parte C da música: "E outro igual não há, e outro igual não há...", traz um grande apelo congregacional, como se fosse o chavão que fica na memória depois que a música acaba, o que é super bacana numa música. A letra se propõe a dizer sobre a singularidade do nosso Deus. Outro igual não há!
A faixa 2 é "No Olho do Furacão" (Pedro Lancaster), discute sobre a nossa capacidade de louvar a Deus em meio aos problemas ou "no olho do furacão", e afirma que é assim que Deus conhece aquele verdadeiro adorador. É uma canção simples também, mas que com a simplicidade faz jus ao título do álbum. O destaque é dado ao refrão e à voz de Lauriete. Eu, pessoalmente, não conheço muitas mulheres capazes de cantar faixas tão agudas assim.
A faixa 3 é "Mergulhar" (Sivaldo Almeida). Essa faixa me pareceu um pouco confusa. Não a letra, mas a forma como o arranjo foi encaixado. É como se eu ouvisse quatro músicas diferentes. A introdução não se conecta bem à primeira parte, a segunda estrofe parece outra música, a terceira da mesma maneira e a quarta é um cântico clássico "Eu Navegarei". Eu consigo ver grande potencial em todas as partes, mas não como conjuntas de uma mesma canção. O back vocal ganha destaque nessa faixa, e metais também. A composição nos convida a mergulhar numa profunda experiência com Deus.
A Faixa 4 "O Grande Dia" (Junior Maciel e Josias Teixeira) é mais uma das belas faixas de Lauriete sobre arrebatamento da Igreja. Lauriete é reconhecida por ter canções sobre o tema popularmente conhecidas como "Eu vou subir", "Ele vem", "Dias de Elias", "A volta do Rei" e outros. É uma das faixas de destaque do álbum. A faixa começa com uma introdução majestosa de metais e vocais, com a entrada da voz e teclado, a segunda parte da estrofe vai trazendo mais instrumentos, arranjos, e mais letras em uma melodia. O refrão modula para outro tom e é o grande destaque da faixa. Em seguida, tem uma breve declamação, gravações diversas simulando o dia do arrebatamento. A faixa que tem a parte C é bem fácil, e tem um espetacular Fá agudo que Lauriete canta (poucas possuem essa nota). A música sobe meio tom. A faixa tem grande apelo congregacional, podendo ser aprendida por conjuntos de igrejas diversas, apesar de ser aguda e poucos darem conta de cantá-la.
A faixa 5 "O Dono do Universo" (Pedro Lancaster) é uma das minhas favoritas, apesar de não ser destaque do álbum. É super simples, letra bem direta, verdadeira adoração a Deus, sem muito lirismo e transmite exatamente o que deveríamos ser: amigos de Deus. Arranjo simples. Ela começa com uma guitarra com som distorcido, na entrada da voz os instrumentos recuam para dar destaque à letra da música. Lauriete ainda se mantém tradicional na hora de escolher repertório e isso é bom, porque inovar no usual é para poucos.
A faixa 6 é "Fiel até o Fim" (Denise Yamamoto). Se analisarmos essa faixa fora de todo álbum é sim uma boa faixa, mas não dentro desse trabalho. O tema sobre ser fiel a Deus apesar de tudo foi cantado em "Vale a pena ser fiel" e é bem diferente dessa faixa. A letra da canção é belíssima, mas a escolha dos temas melódicos não se encaixa tão bem quanto a outras faixas, os arranjos estão bonitos e valorizaram a canção.
A faixa 7 é "Casa de Amor" (Anderson Freire). Essa faixa merece destaque e quero falar um pouco sobre o tema dessa faixa. Por algum tempo já, percebemos que muitas composições se baseiam em trazer destaque para o sofrimento do cristão, para suas lutas e provações, ou às vezes, se limita a dirigir bençãos e chuvas de prosperidade para sua vida, seu trabalho, e seus relacionamentos, mas essa faixa vai na contramão de tudo que tenho ouvido. O cristão é perseguido? Sim. O cristão sofre problemas ou angústias? Sim. Mas existe nessa faixa uma profunda revelação de Cristo. Anderson Freire usa a passagem de Mefibosete para figurar quantas almas hoje perecem no mundo por falta de "Casas de Maqui". Nos distanciamos do verdadeiro propósito da nossa vida que é torná-la uma oferta agradável de adoração a Deus e que a partir do amor de Deus plantado em nós, tragamos esperança e vida aos que necessitam de amor. Que paremos de bater no peito, ter orgulho de dizer que somos crentes de igreja A ou B. Quando assim dizemos, nos limitamos a fazer parte de uma religião. Jesus não é religião. Que aprendamos com Anderson Freire e Lauriete: mais "Casa de Maqui" e menos "religião".
A faixa 8 "Meu Herói" (Marcos e Mateus) é uma faixa dedicada ao pai de Lauriete, Sr. Joaquim, o grande incentivador do seu ministério faleceu nos último ano e ela dedica essa faixa ao seu pai em forma de agradecimento a Deus pela vida que ele teve. Uma reflexão para todas as famílias nesse momento...
A faixa 9 "Ressuscitou" (Eduardo Schenatto). Tem uma introdução bela, com um arranjo simples. Com a primeira estrofe, os back vocals fazem breves intervenções no desenvolvimento da música, desembocando ao refrão cantando "Ressuscitou". É uma faixa muito bonita, mas não traz nada de muito novo e possivelmente não atrairá muita atenção. A canção fala sobre a ressurreição de Jesus e que Ele vivo está! Aleluia.
A faixa 10 "Colo do Pai" (Júnior Maciel e Josias Teixeira) é uma bela canção que fala sobre a nossa condição miserável enquanto homem diante da soberania de Deus e Sua misericórdia. O homem que quiser vencer deve confiar apenas em Deus, fora disso será seu fracasso. É uma canção de adoração a Deus. Simples, porém, singela. Essa faixa tem o teclado com efeitos em vários momentos, que traz uma boa possibilidade de timbre para tirar a monotonia instrumental.
A faixa 11 "Paulo e Silas" (Marcos e Mateus) é uma das faixas destaques do álbum. Tem um apelo a arranjos simples e antigos e o fato de ter sido feita em compasso ternário, que é pouco usado, dá uma singularidade à faixa. A introdução densa de metais encoberta a sensação e é feita em compasso composto. Bruscamente a música altera para compasso ternário, a sensação de desconforto nesse trecho é perceptível, mas é uma sensação boa e ela está em consonância com a própria letra. Enquanto Paulo fala, o ritmo se mantém carregado, denso, pesaroso. Quando Silas fala, muda para um ritmo quente, alegre e vivo. Ah essa canção tem um arranjo lindo! Tem a introdução do Hino da Harpa Cristã "A mensagem da cruz". O diálogo de Paulo e Silas prossegue dizendo que eles sentiam algo diferente na prisão: sem dúvida era a intervenção de Deus! E o arranjo musical acentua todas esses diálogos e falas. É uma belíssima canção.
A faixa 12 "Conquista" (Jonatas Santos). A introdução é belíssima. Tem o piano, com as cordas em diálogo, melodia bem desenhada. Com a entrada da voz, a música parece mudar para outra idéia. Essa canção parece ter muita letra para cada melodia. Pentecostal né! A letra é bonita, o arranjo também, mas não parecem terem sido feitos um para o outro.
A faixa 13 é "Depois do Mar" (Eduardo Schenatto). É uma canção que fala sobre a fé que precisamos ter que a nossa vitória está nos aguardando depois do mar, aqui figurado como nosso tempo de provações. É uma faixa meio enjoadinha, mas é questão de gosto. Letra bonita, arranjos convincentes, mas não traz nada de muito novo.
A faixa 14 "Quando as Lutas vem" (Pedro Lancaster) é a última faixa do álbum. Começa com a voz de Lauriete e teclado em strings, acompanhando-a. O arranjo dessa faixa é criativo, mas as palavras não parecem encaixar tão bem. A música ganha uma força quando é convertida em ritmo de forró, mas a letra ainda deixa a desejar. Alguns leitores podem gostar, então, é questão do gosto mesmo, mas não é uma das melhores faixas do álbum.
Esse álbum procura manter o estilo pentecostal, sem inovar muito nos estilos, nas letras e nos traz um álbum "básico" com destaque para as canções "Igual não há", "O Grande Dia", "Paulo e Silas" e principalmente, "Casa de Amor". Essa última merece muitos aplausos!
A mixagem do álbum não é das melhores que eu já ouvi. Tenho a sensação de um som completamente abafado, mas mesmo assim Lauriete ainda assim continua a produzir excelentes trabalhos, prova disso é que o álbum já conquistou disco de ouro pela marca de 65 mil cópias vendidas em menos de 01 mês.
Que Deus continue a abençoando Lauriete grandemente como tem feito nos últimos anos. Espero que vocês tenham curtido nos acompanhar nesse álbum! Conto com a sua opinião abaixo. Até a próxima pessoal!
Vitrine Gospel
Por Max Michel Alves