Olá leitores do "Vitrine Gospel". Fico feliz e honrado de poder estar com vocês em mais uma análise de mais um álbum de Vanilda Bordieri. Ela acaba de lançar no início desse mês seu décimo sétimo Cd solo, titulado "Na Tua Vontade". Vanilda nos últimos anos tem ganhado destaque com canções bastante pentecostais, com profundidade nas letras, e bom gosto na escolha dos arranjos.
Sempre, muitos ficam reflexivos sobre, de que ponto de vista fazemos as análises do blog. Poderíamos escolher sob vários pontos de vista, mas optamos também por não esvaziar os comentários, esperando que você, leitor, participe também. Opine, comente, exponha sua opinião. Nosso objetivo nesta análise é mostrar à vocês, leitores, detalhes desse álbum super esperado. Bem, sem delongas, vamos lá?
A faixa 1 é A minha descendência (Vanilda Bordieri e Leandro Borges). Aparentemente, é uma canção simples, porém, é preciso analisar sob qual ótica a classificamos como simples. É uma canção com um texto profundo. Pensemos: pelo que queremos ser lembrados pelas futuras gerações ? Que vivemos nossas vidas na completa e exclusiva dependência de Deus! As estrofes mantém o mesmo tema melódico, sendo diferenciados por modulações que criam uma espécie de expectativa, suspensão, à espera de um 'além'. No fim, temos um estribilho que cria uma forma B, mas mantendo coerência com o tema A.
Se analisarmos do ponto de vista musical, as estrofes sendo repetidas podem causar certa monotonia no ouvinte, mas do ponto de vista espiritual, podemos ser profundamente tocados e avivados com essas palavras proféticas.
A faixa 2 é Viverei milagres (Felipe Farkas) é uma das canções mais populares do Cd por ter a marca de Vanilda no estilo, histórias cantadas e proféticas. Ela começa na apresentação do refrão, que é sua grande marca. Por isso é chamado de refrão: pelo seu poder de memorização rápida. A música conta a participação de Bruna Paula, a vencedora do concurso #EuqueroCantarnoCDnovodaVanildaBordieri. A combinação da voz das duas se dá pelo fato de possuirem classificações parecidas, mas mantendo a individualidade de cada uma. Isso possibilitou a troca íntima de vozes na canção. A letra é simples, porém, com boa combinação de palavras. Seria até uma faixa simples, mas a riqueza nos arranjos, a eleva como um dos destaques do álbum. O jogo de diálogo dos instrumentos de base com as cordas é super interessante.
Na Tua Vontade (Nikolas Ribeiro) é a faixa 3 do álbum. A música se inicia com efeitos com sintetizadores, piano e instrumentos de base. A música pelo seu caráter mais intimista e reflexivo é salva pelo arranjo de back vocal e interpretação de Vanilda. A letra é meio desconexa, as palavras parecem não encaixar harmoniosamente, enfim, diria que não é uma boa música, mas salva pelo arranjo e porque Vanilda tem a desenvoltura de torná-la uma boa canção.
A faixa 4 é Coral das Mulheres/Deus está aqui (Vanilda Bordieri) é um forrózinho e tende a ser um dos sucessos do disco. É uma música bem alegre, cativante, pode ser uma música que mulheres de todo país podem utilizar em seus conjuntos. O refrão é super convidativo e fácil. A música por si só já é boa, mas a participação de outras mulheres com Vanilda na faixa foi um incrível bônus. A música faz um mash-up com o tradicional corinho "Deus está aqui", conhecido por muitos, com o ritmo do forró, claro. Sem dúvida alguma é até aqui, a melhor faixa do álbum!
Quero parabenizar às mulheres que participaram nessa faixa que fizeram toda a diferença. Vocês brilharam muito ! Eis as meninas: Alice Zillá, Cinthya Farias, Fernanda Souza, Helen Cristina, Jamile Ávilla, Kesia Mara, Késia Oliveira, Sara Dantas, Simone Barbosa Victoria Nascimento e Wanessa Venâncio.
A faixa 5 é Respeita (Vanilda Bordieri e Leandro Borges). Fala sobre a compreensão e respeito que devemos ter sobre a luta, o choro, as provas do nosso irmão. É uma canção de despertamento para o amor e confiança no ministério do nosso próximo. Podemos sentir que é uma canção muito pessoal. Ela relata a luta e o sofrimento daqueles que decidem trilhar os caminhos fazendo e levando a obra de Deus pelas igrejas, estradas. É uma canção que traz uma importante mensagem, mas não posso afirmar ser uma canção de destaque.
A faixa 6 é Descanso em Ti (Leandro Borges). Começa com guitarra, violino, instrumentos de base criando uma tensão para contextualizar o texto que fala sobre uma luta quem sobrevém aos filhos de Deus. A música sai de acordes menores e vai para acordes maiores, com uma espécie de tema heroico, seguidamente, tem uma pequeno interlúdio com guitarra e retorna a um pedaço do trecho inicial. O ruim desta canção é essa volta num trecho já apresentado, porque seu tema C é relativamente grande e torna a música longa demais do que realmente necessitava, além da parte C não dialogar muito bem com o restante da música. Finamente, a música se equilibra na volta do refrão. Apesar de tudo, é uma boa canção, mas que foi mal estruturada. O destaque é de Vanilda e sua voz que aparece estrondosamente bonita.
Um dos sete mil (Moisés Cleyton) é a faixa 7 do álbum, que conta a história bíblica de 1 Reis 19. É, sem dúvida, uma canção que tem uma letra divinamente inspirada. Contar, ao invés da história de Elias e seu recuo à caverna, contar a história dos sete mil que ficaram em Israel. É uma das lindas canções do álbum. Seu refrão é muito cativante, e aqui, as palavras parecem se organizar muito bem, e torna-nos muito explícito qual é a mensagem profética sobre nossas vidas. A música não tem parte C, mas em nada se torna pobre. A modulação no fim ajuda a estendê-la próximo aos 4:00 minutos de música. A música tem a participação do compositor da canção, Moisés Cleyton.
A faixa 8 é Não serei capaz (Vanilda Bordieri) é uma canção bem intimista e pessoal de Vanilda, de adoração contínua, afirma que não servimos se não for para adorar a Deus, que seremos capazes de viver sem adorar, sem amar e buscar a Deus! Ter uma canção como esta no álbum, com certeza, equilibra muito bem o repertório, e mostra um outro lado que muitos não conseguem reconhecer a habilidade de Vanilda, que é levar canções de adoração com mesma maestria que seus louvores pentecostais. Assim como 'Te Adorarei' no álbum Assim sou eu, essa mostra um lado muito bonito de Vanilda. Gostei bastante da canção, mas não penso que será uma das favoritas dos ouvintes.
A faixa 9 é O que é isso? (Leandro Borges) e começa com diálogo da bateria, cordas e guitarra. A bateria mantém a célula rítmica no surdo, enquanto Vanilda canta sobre histórias da Bíblia onde homens e mulheres fizeram a diferença diante de Jesus pela ousadia e determinação. A música é uma mistura de história contada e louvor. O refrão peca no encaixe da letra, e o que o mantém é o arranjo e as vozes. A música tem a participação de Leandro Borges, que o tempo todo dialoga muito bem com Vanilda. Acho que, muito 'O que é isso' tornou a música um pouco monótona, e o arranjo tenta vencer por modulações e cordas, e algumas variações. Mas ainda assim, é uma boa música.
A faixa 10 é Deus vai fazer (Vanilda Bordieri). A canção é de esperança. Canção que fortalece a fé dos que passam por alguma luta, algum problema, e nos diz que brevemente Deus vai fazer milagres. Canção simples, tem sua força, mas não chama atenção em detalhes. Penso ser uma canção para preencher repertório, mas ainda assim, não menos bonita.
A faixa 11 é 2 Timóteo 3 (Vanilda Bordieri) é uma canção de despertamento espiritual e baseada no texto bíblico de 2 Timóteo 3, que fala sobre como sobrevirão os maus e últimos dias do cristão na Terra. A música tem orquestração mais densa, como leve 'bolero' em tom menor, diálogo do cellos e violinos, e os instrumentos de base. Tem a intenção de ser um destaque do álbum, mas por algum motivo que não consegui detectar, não é. Talvez pela dificuldade de se interagir o texto com a música, talvez pela escolha das palavras, enfim, mas não deixa de ser uma faixa para se apreciar.
A faixa 12 é Os doze (André Buenno). Escrita pelo sobrinho da cantora, a letra é bacana. André tem se destacado como um compositor interessante, que traz também textos bem inspirados divinamente, e vemos sua composição no álbum. A música começa com tema melódico das cordas, logo a bateria e violinos em ostinato, com piano na melodia secundária, a letra é de difícil encaixe, pela escolha de palavras métrica, mas o arranjo conseguiu amarrar bem a canção, apesar de soar em certos, de modo 'estranho', mas a música tem um refrão bem convidativo em "Mestre, mestre...". A parte C é bastante impetuosa o que ajuda a fortalecer o tema, que na volta, parece ser mais interessada do que pela primeira vez.
A faixa 13 é Que som é esse? (Claudio Louvor). O música tem um arranjo interessante de cordas, metais, teclado em som orgão, e baixo em ostinato. Sem dúvida, é uma das melhores do disco, a voz de Vanilda está esplêndida, é uma canção alegre e pentecostal, com forte apelo popular. Conta a história de Josué e as muralhas de Jericó. As cordas e metais aparecem brilhando muito nessa faixa, com back vocal reforçando o caráter da música de lambada. A parte C é maravilhosa, e resgata o refrão lindamente. Simlesmente: uau!
A faixa 14 é Falando de milagres (Vanilda Bordieri e Rogério Jr.) é uma música que traz uma hipótese de se por acaso a mulher do fluxo de sangue se encontrasse com a filha de Jairo e o que elas tem em comum: o encontro de Jesus e o milagre que elas receberam desse encontro. É mais uma das faixas que o arranjo salva a letra que não é tão rica, mas não menos espiritual, só não tão criativa quanto outras. Porém, não acaba sendo uma das canções destaques no álbum. Arranjo simples mas que consegue segurar e conter a música.
A faixa 15 é Em festa (Vanilda Bordieri). Essa música tem destaque para os back vocais, que têm uma presença fundamental para a promoção da faixa. A letra é simples, o que necessita buscar adornos pelo arranjo e interpretação de Vanilda. O início é lindo com os back vocais, com um refrão um pouco menos brilhante, seguido de um breve interlúdio com guitarra, e a parte C. Depois dessa, temos umas modulações que pra mim já pesam demais a música, porque ela já vem carregada com voz, e back vocais, arranjo denso com presença maciça de instrumentos de base, enfim, torna a música muito cansativa no fim. Mas, é uma boa música.
A faixa 16 é Falando de amor (Vanilda Bordieri). É uma canção fofa, eu diria. Tem um leve toque country, com batida em compasso binário, facilitando esse 'balanço' que a música tem, com instrumentos de percussão, violão acústico e voz. A música é uma canção romântica que fala sobre a força do amor. "Não dá para negar que a força do amor nos faz voar mais alto". Linda música !
E para finalizar a nossa análise, queria chamar a atenção de vocês para um aspecto novo que surgiu nesse álbum: a voz de Vanilda. O que houve ?
Está diferente, os ouvidos atentos vão concordar comigo. Sobre técnica vocal, percebemos que a projeção está numa região mais próxima do nariz, o que facilita muito para os agudos, mas que em excesso, pode deixar o som anasalado demais. E não se espantem: muitos, muitos cantores também o fazem. Agora, nos resta saber se é uma escolha estética por esse som mais agudo consciente da cantora ou não. Seja como for, a cantora tem adquirido mais agudos nos últimos cd's. E oramos por ela, desejando sempre que tudo que for feito por ela e sua equipe, seja para honra e glória de Deus. E vocês, o que acharam do novo álbum de Vanilda ?
Vitrine Gospel
Por: Max Michel Alves