O retorno das canções cristocêntricas!

Parece que depois de uma fase superlotada de canções que exaltam o ego humano, Deus voltou a ser o centro das canções pentecostais. Claro que não podemos generalizar, mas grande parte dos intérpretes da música pentecostal mudaram o foco dos seus 'louvores' nos últimos anos. O que antes era "d'Ele, por Ele e para Ele" passou a ser "EU tenho, Eu sou, Eu posso".

O intuito dessa matéria não é criticar as canções que destacam o agir de Deus sobre a vida do fiel, pois até a boa e velha Harpa Cristã nos traz canções de encorajamento:

"Por que te abates, ó minha alma?
E te comoves, perdendo a calma?
Não tenhas medo, em Deus espera,
Porque bem cedo, Jesus virá". (A alma abatida - Hino 193)

Não tenhas medo, em DEUS espera - Sabemos que as adversidade fazem parte da vida do cristão. A igreja sempre foi perseguida como diz a palavra de Deus descrita no capítulo 8 do livro de Atos, mas mesmo diante de tantas provações os cristãos primitivos permaneciam fiéis e pregavam a palavra de Deus até a morte, sem olhar para quem os atingiu e focando somente na vontade daquele que os chamou. Davi teve oportunidades de se vingar de Saul, mas reconheceu que a justiça pertencia a Deus e Ele se encarregaria de fazer o que fosse necessário de acordo com a sua soberana vontade. Esse posicionamento de Davi nos ensina que as afrontas e as perseguições sempre chegarão, mas devemos esperar em Deus a justiça, pois ela pertence a Ele. Então se a Deus pertence a justiça, porque canta-se tanto: "Quem me vê abençoado agora se arrepende e vai cair no próprio laço, vai sentir o sabor amargo..." Parece que o intuito de quem venceu é ver alguém debaixo dos seus pés, humilhado e arrependido.

É necessário enfatizar que nos dias atuais, a maioria das canções trazem conteúdo antropocêntrico (O homem no centro de tudo). As canções que enalteciam o nome do Senhor foram deixadas aos poucos e trocadas por canções cujo tema dominante é Vitória! O mais interessante é que a maioria delas inspira vingança. Se por algum motivo o seu irmão não te ajudou ele tem que ver você sendo exaltado e se arrepender do dia em que nasceu (Risos). Drama? Não! Infelizmente é a pura verdade.

" É preciso fazer uma distinção entre os hinos inspirativos e as canções de autoajuda ou que contêm sentimento de vingança. Estas, aliás, apesar de serem as que fazem mais sucesso no meio evangélico, não podem sequer ser consideradas hinos cristocêntricos, e sim canções antropocêntricas, posto que a sua ênfase recai nas necessidades e na vitória do ser humano, em detrimento da grandeza de Deus e da obra redentora." (Ciro Zibordi)

O problema não é falar em vitória ou dizer que Deus vai levantar a igreja do pó, o problema é fazer desses jargões o tema EXCLUSIVO das nossas canções. Dizer que Deus é Santo, é poderoso e faz milagres já não é o real desejo daqueles que se dizem 'adoradores'. Quando as canções não inspiram vingança, falam de exaltação, poder, soberania e conquistas terrenas. Na ministração 'Para que os outros possam viver' da banda 'Livres Para Adorar', o vocalista Juliano Son nos traz uma grande reflexão quando ressalta que o bezerro de ouro do nosso tempo é a vitória. As pessoas não adoram mais a Deus pelo que Ele é, mas sim pelo que Ele pode oferecer. Já estava mais do que na hora de mudar o disco, ou melhor, as músicas (Risos).

Depois de algum tempo as pessoas finalmente estão acordando e já conseguem perceber que as nossas canções pentecostais já não falam tanto da glória e majestade de Deus como antigamente, mas em vitória, conquista e evidência na terra. Aos poucos as canções de arrebatamento estão voltando a tona e felizmente as canções baseadas em histórias bíblicas estão predominando novamente.

 Um dos grandes exemplos desse 'choque de realidade' dos irmãos é a repercussão positiva que teve a canção 'Cresça' lançada há alguns dias no canal do cantor Leandro Borges. A canção que foi interpretada pelo próprio Leandro e pela cantora Vanilda Bordieri é um verdadeiro protesto contra os holofotes que se erguem sobre o ego humano. "Cresça, até que o meu EU desapareça". Escrita por cinco compositores (Rogério Jr, André Buenno, Eduardo Schenatto, Leandro Borges e Tony Ricardo), essa canção é fruto do compromisso entre eles de escrever canções que exaltem exclusivamente a Deus. Todos os grupos de jovens deveriam entoar essa canção e declarar essa mensagem forte e impactante de conscientização. Escute agora:

Outra canção que merece destaque é 'O Senhor do Reino é Ele' escrita por Moisés Clayton e interpretada pela cantora Elaine de Jesus. Com uma letra rebuscada e totalmente embasada na palavra de Deus, essa canção descreve com propriedade a justiça de Deus sobre aqueles que tentam roubar a sua glória pensando que tem o controle sobre a sua noiva. O coro forte da canção é um brado de adoração declarando que a glória é para Ele, o louvor é para Ele, a eternidade é d'Ele e ai de quem mexer com Ele, pois todo poder é d'Ele. Confira:

 Para fechar essa matéria indicaremos mais uma canção que tem tudo a ver com o assunto. 'Chega de Vingança' foi escrita por Moisés Clayton e interpretada por uma das cantoras pentecostais mais ousadas do nosso país - Deise do Vale.  "Eu não quero ver o meu irmão sofrer, o que eu quero é lhe ver prevalecer.Entendi que se não pode me ajudar é porque Deus precisava me provar... Chega desse papo de vingança entre os irmãos, se somos um só corpo um só coração" . Não deixe de ouvir!

Que as poesias do céu antes escritas por homens de Deus como Armando Filho, Paulo Leivas Macalão, Emilío Conde e Elizeu Gomes voltem a ganhar espaço através dessa nova geração de adoradores. Que o Senhor cresça e que o homem se renda ante a face d'Ele.

"É necessário que Ele cresça e que eu diminua" João 3.30

VITRINE GOSPEL

Postado por: Daniel Nadje

Twitter: @DanielNadje